(La segunda infancia, 2006)
Debutante
Fui a vivir a una pensión en la calle de Catete.
Me abatía.
Ella me enseñaba:
precisas no apurarte.
Precisas ser bien animal.
Como un caballo. Noblemente.
Usar el desorgullo de los
animales.
Morder lamer oler huir volver
rodear
lamer besar oler huir volver
hasta ahí.
Noblemente. Como los animales.
Aprendí eso con mi novia india.
Ella me enseñaba con ungüentos.
Pasaba ungüento pasaba ungüento
pasaba ungüento.
Decía que coger era un acto religioso.
Y que era necesario adornar los
deseos con ungüento.
Y pasaba ungüento y pasaba
ungüento.
Solo después que me adornaba
bien ella quería.
Predicaba que hacer el amor es
una eucaristía.
Que era una comunión.
Y comulgábamos el Pan de los
Ángeles.
(Del libro
“Memorias inventadas”,Griselda
García editora, 2021)
Manoel de Barros (Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 1916-Id.
Campo Grande, Mato Grosso del Sur, 2014)
(Traducción: José loskyn
Estreante
Fui morar numa
pensão na rua do
Catete. / A dona era
viúva e buliçosa / E tinha uma filha Indiana que dava panças. / Me abatia. /
Ela deixava a porta do banheiro meio aberta / e isso me abatia. / Eu teria 15
anos e eia 25. / Eia
me ensinava: / Precisa não afobar. / Precisa ser bem animal. / Como um
cavalo. Nobremente. / Usar o desorgulho dos animais. / Morder lamber
cheirar fugir voltar arrodear /
lamber beijar cheirar fugir voltar/ Até / Nobremente. Como os animais. / Isso
eu aprendi com minha namorada indiana. / Ela me ensinava com unguentos. /
Passava unguento passava unguento passava unguento. / Dizia que era um ato
religioso foder. / E que era preciso adornar os desejos com unguento. / E
passava unguento e passava unguento. / Só depois que adornava bem ela queria. / Pregava que fazer amor é uma
eucaristia. / Que era uma comunhão. / E a gente comungava o Pão dos
Anjos.
IMAGEN: Indígena de Venezuela (Sin créditos)
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